O pragmatismo do técnico Tite vem irritando os torcedores do Mais Querido, se olhar apenas os números chegaremos à conclusão de que o time vem bem, somos a única equipe viva nas três competições. Estamos no top quatro do Campeonato Brasileiro e com um jogo a menos temos tudo para em breve assumir a ponta.
Mas a arquibancada segue irritada com o técnico Tite. Na Copa Do Brasil fizemos o necessário para passar pelo Palmeiras, na partida de ida até tivemos um grande jogo, mas na volta, o time parece ter se apequenado e feito o necessário para se classificar as quartas de finais. Sair do Allianz Parque com uma derrota parece não ter sido bem digerido pela torcia.
A classificação para as oitavas na Libertadores da América também foi polêmica, o time passou em segundo e fez partidas desastrosas fora de casa. Agora briga contra o Bolivar, justamente o time que passou em primeiro no grupo.
No campeonato brasileiro, o escrete rubro-negro fez boas partidas, mas experimenta um momento de incerteza, depois de perder para o São Paulo e deixar escapar a liderança, empata de forma burocrática contra o Palmeiras.
O barulho da arquibancada se volta contra o técnico Tite, um técnico reconhecidamente pragmático, que joga pensando a longo prazo e que não se expõe de forma alguma aos riscos.
A voz da arquibancada costuma dizer que esse não é o DNA do Flamengo e quer mais do que vencer o campeonato de forma burocrática.
Mas o que é de fato o DNA rubro-negro?
Grande parte da torcida flamenguista costuma dizer que o DNA do time é ofensivo. Mas estamos Falando de que época do Flamengo?
Se se refere ao time que encantou o mundo na década de oitenta, podemos dizer que sim, que aquele time tinha realmente um DNA ofensivo.
Se se refere ao time de 2019 com Jorge Jesus, também temos que concordar. No entanto, se estamos falando de outras fases do Flamengo aí vamos ver que a história não é bem assim. Veremos que o time se adequou ao que tinha a disposição.
Durante um longo tempo amargamos times medíocres que fugiam da zona de rebaixamento no Brasileirão. Times que beliscavam Copas do Brasil, justamente por serem pragmáticos.
O elenco que venceu o Brasileiro de 2009 não tinha o tal do DNA ofensivo. Era pragmático e raçudo, essa sim uma característica que percebo no Flamengo desde o final dos anos 70. Vencemos sim muitos campeonatos na raça.
Querer que Adenor Bachi, o Tite, coloque o time pra jogar como colocava Jorge Jesus é ilusão, os dois técnicos são muito diferentes.
Tite é um técnico vencedor e a despeito das críticas sabe o que faz e sabe ser campeão. Gritar: Fora Tite com o time em três frentes e na ponta é no mínimo infantilidade.
O Flamengo já paga muito caro pelas inúmeras trocas de técnico desde a saída do português Jorge Jesus. E não estamos falando de valores financeiros, mas sim desportivos.
E uma pergunta que deveria ser feita é que a essa altura trocaríamos Tite por quem? Não há técnicos brasileiros que sejam melhores que Tite, e na grande maioria também trabalham de forma pragmática, ou o que pior trabalham de forma retranqueira.
Já experimentamos técnicos estrangeiros, alguns com currículos muito bons, como é o caso do também português Vitor Pereira. A torcida não tem paciência e esses técnicos precisam de tempo.
O fenômeno que aconteceu com Jorge Jesus não acontecerá de novo, ninguém vai chegar e sair ganhando como em 2019. Nem mesmo o português, tem um contrato em que ganha uma fortuna no Al Hilal da Arábia.
Dificilmente veremos o português a beira do gramado comandando o Flamengo novamente.
O momento é de apoiar Tite, de acreditar que o seu pragmatismo levara o Megão queridão a títulos. E que a próxima gestão possa trazer o tão sonhado profissionalismo ao vestiário rubro-negro, com apoio que os técnicos precisam para um trabalho de longo prazo, um projeto vencedor que não se deixe abalar pela paixão da arquibancada.
Como torcedor gostaria de ver o Flamengo jogando como nos anos oitenta, ou como em 2019, como isso não é possível sigo apoiando de forma critica um trabalho que até aqui está acima da média do futebol brasileiro.