O que Adenor Bachi. tem em comum com o já falecido técnico Telê Santana? Ambos foram vencedores nos clubes, conquistaram campeonatos brasileiros, libertadores e chegaram ao mundial; ambos foram técnicos da seleção brasileira por duas copas seguidas. Telê em 1982 e 1986; Tite em 2018 e 2022; nas copas que disputaram ambos caíram nas duas oportunidades nas quartas de final.
Vale lembrar que a Copa de 82, tinha um sistema diferente, mas o Brasil caiu no ponto da disputa que corresponderia as quartas de final
As coincidências entre os dois técnicos param por aí, suas equipes praticaram e no caso de Tite, praticam um futebol completamente diferente. As eliminações das seleções dirigidas por Telê, provocaram dor e muito choro na torcida. As eliminações de Tite, provocaram raiva e xingamentos.
A incrível seleção de 1982, está eternizada para sempre no mundo do futebol, é lembrada como uma das maiores de todos os tempos, em ranqueamentos fica sempre a frente de muitas outras seleções que foram campeãs, isso inclui a seleção Brasileira de 1994 e a Itália campeã de 82, a equipe que tirou o Brasil daquela copa.
Só de lembrar dá vontade de chorar!
Tudo começou lá, em 1982, quando uma equipe estrelada, que tinha Zico, Sócrates, Falcão, Leandro, Junior e muitos outros craques, parou no pragmatismo da seleção italiana, então comandada por Enzo Bearzot. A Itália era um time mediano que se classificou sem vencer na primeira fase, cheia de problemas passou pela Argentina, que enfrentava traumas psicológicos por causa da guerra das Malvinas, que estava acontecendo naquele ano. Bearzot soube explorar a agressividade da seleção brasileira, que muitas vezes deixava a defesa exposta, por mais que os canários jogassem aquele dia, a Azurra encontrava uma falha e se colocava na frente do marcador.
Tele, teve uma segunda chance em 1986, na Copa do México, mas o time estava envelhecido e cheio de problemas médicos, embalou, mas parou nos pênaltis para uma fortíssima seleção francesa, comanda por Michel Platini.
O gosto dessas derrotas persegue os brasileiros até hoje, a partir de então, abdicando do verdadeiro futebol brasileiro, começaram a surgir uma leva de técnicos que jogavam aquele futebol pragmático, que tinha dado o título ao selecionado italiano. O convencimento veio de vez, quando a insossa seleção de Carlos Alberto Parreira, ganhou de forma não menos insossa a Copa de 1994 nos Estados Unidos. Vinte e quatro anos depois, o Brasil voltava a vencer e jogando um futebol que não se arriscava, que não dava show, mas que controlava o meio de campo e tinha dois atacantes de primeira prateleira, Bebeto e Romário. O Brasil já não era mais o país que criticava chuveirinhos na grande área, muitos gols saíram desse tipo de jogada, executadas de forma perfeita pelo lateral Jorginho.
A vitória em 94, foi a senha para que técnicos acovardados ganhassem o lugar de técnicos arrojados como Telê. Isso perdurou, passou por Felipão que além de pragmático, era retranqueiro e venceu também uma copa, no talento de jogadores como os Ronaldos e Rivaldo.
A escola brasileira de técnicos nunca mais foi a mesma, não sejamos injustos com Wanderley Luxemburgo, que teve seu auge e gostava de praticar um futebol vistoso, que encantava os olhos. No entanto, não teve a oportunidade dirigir a seleção nacional em uma copa do mundo.
Da escola pragmática que tem no título de Parreira sua maior conquista, saiu o técnico Tite, um técnico que é sim inteligente, que sabe o que está fazendo, mas que irrita os torcedores ao vencer sem convencer.
Tite é o maior representante da escola que matou o futebol, que um dia foi praticado por equipes comandas por técnicos como Telê Santana.
O que esperar? Certamente títulos, eles vêm sim, mas vem também muita irritação e como dizia Galvão Bueno: “Haja coração!”.
