A seleção brasileira parece ter finalmente encontrado o fundo do poço, resta ver o que fará Enaldo Rodrigues, o confuso presidente da instituição. Dependendo do caminho que tomar nos levará para o porão do fundo do poço, ou poderá iniciar uma correção de rota.
Depois de muito chororô e de muita gente esperneando, o nome da vez é o do português Jorge Jesus, enfim os pachecos reduziram os gritos a murmúrios quase inaudíveis, como o do ex-técnico Dunga, que diz que gringo no comando da seleção é muleta.
Graças ao que foi chamado de era Dunga nos anos 90 e ao parrerismo que tomou conta do futebol brasileiro, depois da Copa de 94, quando um bom time, com grandes nomes, mas com um futebol insosso foi tetracampeão do mundo.
O parrerismo suplantava ali o nosso complexo de Tele Santana, que talvez tenha colocado um selecionado para o jogar o mais belo futebol já visto, mas em contrapartida não ganhou nada.
O parrerismo passou por Felipão, pelo próprio Dunga e desaguou em seu maior representante: Adenor Bacchi, o Tite, que com seu bom lero-lero, cordialidade e clientelismo, conseguiu dirigir o selecionado canarinho por duas copas do mundo.
Depois de Tite não há mais chances para o parrerismo, as pessoas nem se quer gostam de assistir a jogos da seleção. Fernando Diniz tentou, mas com um futebol previsível e sem o jogo de cintura de Tite, caiu. Dorival Jr foi uma alternativa que nasceu queimada, pois não tem repertório maior que os antecessores e peca por não conseguir entoar o canto de sereia, que Tite entoa muito bem.
Depois das experiências com técnicos estrangeiros no Brasil, não há como negar que os nossos técnicos estavam defasados, amarrados a escola de 94 e desde 2019, apenas o Atletico de Cuca e o Flamengo de Rogério Ceni, ganharam o Brasileirão, os outros vencedores foram os portugueses: Jorge Jesus, Abel Ferreira e Arthur Jorge.
O que era raiva declarada como os ataques de Renato Gaúcho e Wanderley Luxemburgo a Jorge Jesus, hoje parece ser só o triste lamento de Dunga, que diz que estrangeiro é muleta.
Muleta têm sido os técnicos brasileiros desde a década de noventa, comandantes que armam times defensivos e ficam na dependência de que a genialidade de um dos jogadores lhe dê de presente, o mais cobiçado caneco do futebol mundial.
Em 94, Romário e Bebeto, em 2002 os Ronaldos e Rivaldo, depois ficamos na Neymar dependência, que por motivos óbvios não ganhou nada.
O mundo aprendeu a jogar bola, hoje somos afrontados até mesmo em nosso quintal, por seleções como a da Venezuela, pais onde o futebol é a terceira modalidade esportiva na preferência.
Os europeus estudaram, desenvolveram técnicas e pensamento tático, em 1974 Rinus Michels, apresentou ao mundo algo totalmente diferente, o Carrossel Holandês sob seu comando não venceu, mas encantou a todos os amantes do futebol, a semente plantada daria frutos anos depois, culminando com os títulos da Espanha em 2010 e da Alemanha em 2014.
Não dá mais para técnico gastar todo o seu tempo livre tomando cerveja e jogando futevôlei na praia, pois ainda que gritem, os europeus estão vindo aqui e tomando seu lugar nos clubes.
Wanderley Luxemburgo talvez tenha sido o nome que conseguiria fazer frente ao parrerismo, mas não conseguiu estender sua oportunidade na seleção. É um dos maiores vencedores do futebol brasileiro e apesar de sempre que pode descer a verborragia contra Jorge Jesus, segue sendo admirado e sempre citado pelo português como um dos melhores que ele já viu a beira dos gramados.
Há luz no fim do túnel, Rogerio Ceni e Filipe Luís destoam das crias do parrerismo, ambos são técnicos estudiosos e com a gana de títulos, resta saber se um dos dois aceitaria carregar o fardo que é hoje a seleção brasileira.
Ednaldo está sem saída, não há nomes no Brasil, vai ter que ir buscar lá fora. Jorge Jesus e Abel Ferreira deveriam estar imediatamente a frente da fila, conhecem o futebol brasileiro, os jogadores brasileiros e no caso nenhum dos dois tem compromisso com a panelinha que vem se renovando ano a ano desde 2010.
Jorge Jesus na seleção seria o fim do Parrerismo! Já vai tarde!