Umas das marcas mais profundas do time do Flamengo de 2019, era o amor do jovem Gerson pelo Rubro-negro. O rapaz cria de Xerém, quando criança chorava por ter que ir treinar nas categorias da base tricolor.
O meio-campista vagava pela Europa, depois de ser vendido a Roma, fora emprestado para a Fiorentina e tinha uma passagem morna pela península itálica. No entanto, o jovem fora resgatado pelo mais querido junto ao clube romano e cheio de declarações de amor voltava ao Brasil para finalmente jogar no seu Flamengo.
Imediatamente Gerson, ganhou a nação rubro-negra, tornou-se um xodó, recebeu a alcunha de Coringa, ganhou o Brasil e América, tornou-se ídolo daquele time histórico.
Veio a pandemia, precisando reforçar os cofres o Flamengo vendeu o Coringa para o Olympique de Marseille e Gerson retornou a Europa.
Depois de uma boa temporada, uma mudança de técnico e o jovem foi para no banco de reservas. Inconformado seu pai e empresário passou a ir a podcasts reclamar da situação do filho, repetia em todos os microfones possíveis que o amor de Gerson pelo Flamengo era maior que tudo e o que ele queria mesmo era voltar e ser feliz com o manto rubro-negro.
O Flamengo não mediu esforços e os dirigentes desembarcaram em Marseille com uma maleta de euros e trouxeram o Coringa de volta, desembarcou nos braços da torcida e ofereceu a magnética, juras de amor.
Tempo depois seu Marcão, o pai do atleta apareceu na mídia com o mesmo modus operandi de sempre, reclamando, falando de infelicidade e de falta de reconhecimento, desta vez por parte do Flamengo, o clube que até então era a paixão de Gerson.
Talvez o pai do atleta estivesse acostumado a lidar com os velhos cartolas, que fumam charuto enquanto alisam a barriga e fecham negócios a qualquer custo. Dessa vez encontrou uma diretoria profissional e empenhada com as necessidades do clube.
Marcão encheu tanto a paciência que José Boto e Luiz Eduardo Baptista entenderam, que lidavam com um caso perdido, que o melhor a fazer era fixar um valor possível de multa e quem quisesse que levasse o problema para longe da Gavea.
Foi o que aconteceu, não demorou para que o pessoal do Zenit se deslocasse da Rússia e colocasse a frente do apaixonado Gerson uma maleta também com Euros, o que fez imediatamente que a paixão do jovem ficasse em segundo plano e ele colocasse um fio de bigode na negociação com os russos.
Nada contra o jogador querer uma remuneração melhor, querer ser valorizado profissionalmente, o que não soa bem é a mística desse amor todo, quando atende uma necessidade pessoal. Quando queria voltar da França, o amor valia mais que as verdinhas.
Até as pedras do Ninho do Urubu sabem que se Gerson não der certo na Rússia, Marcão reaparecerá na mídia falando que o filho ama o Flamengo e que só será feliz se voltar ao Rubro-negro.
Porém nos finalmente, quando tudo parecia certo, não é que os árabes com mais euros que os russos surgem na embolada e agora o jovem todo apaixonado está tentado a quebrar a palavra que deu para os russos. Parece que agora há na jogada um amor maior. Mas isso agora é problema de Gerson, dos russos e dos árabes, pouco importa ao Flamengo quem vai depositar os 25 milhões.
Se Gerson passar os russos para trás só vai mostrar que para ele o que mais importa são as folhas verdes, palavra não vale nada.
É inegável o jogador que Gerson é, um dos mais importantes dos últimos anos no Flamengo, um ídolo histórico por 2019. Mas isso não o coloca em um patamar acima do Flamengo.
Quem viu o Flamengo dos anos oitenta sabe a relevância que Tita teve para aquele time, sabe o tamanho dele como jogador. Na despedida do Maracanã antes da Copa Mundial de Clubes em 2025 foram empunhados cartazes com a imagem dos jogadores campeões do mundo em 1981. Dez cartazes para dez dos onze titulares, não havia menção a Tita.
Gerson trilha o mesmo caminho. Estará na história. Mas estará ainda no coração do torcedor rubro-negro?