Não é incomum no meio do futebol atual, a discussão de transformar clubes associativos em sociedades anônimas. O Flamengo, maior clube do Brasil não ia passar ao largo de tal discussão.
Existe uma verdade que deve ser entendida por todos que transitam no meio do futebol, com a profissionalização e modernização do esporte, é inevitável que os clubes de transforme em sociedades anônimas, no Brasil as tais SAFs.
Por aqui, e por enquanto, apenas clubes endividados e com problemas graves, se converteram em SAFs, claro que há exceções, o Bahia, o Bragantino podem ser listados nestas exceções. Dos gigantes, Cruzeiro e Atlético Mineiro se converteram em sociedades anônimas, o primeiro depois de mergulhar em um posso sem fundo e amargar três anos de segunda divisão, o segundo ao se tornar o clube mais endividado do Brasil.
O Flamengo, por exemplo, é saudável financeiramente. Porque precisaria se tornar SAF?
A torcida tem urticárias todas as vezes que ouve falar nessa possibilidade. Há um medo gigantesco de que o Flamengo venha a ter um dono e ela não seja mais ouvida.
Mas o Flamengo não tem dono?
A discussão sobre SAF, deve ser profunda e longa, todos os meandros de tal possibilidade deve ser trazidos para os debates com os atuais donos, a torcida será apenas informada.
Sim! O Flamengo tem donos atuais.
Os donos do Flamengo são os quase 9 mil sócios proprietários, destes, menos da metade está apta a votar e a eleger o presidente. A torcida se ilude que define alguma coisa. Os influenciadores, quando o time tem problemas, pedem para que ela pressione os associados, mas a torcida nesses casos, escolhe protestar na porta do Ninho do Urubu. Ou seja, comissão técnica e jogadores.
Com esse número grande de sócios, o que se vê, é o que está acontecendo agora no período eleitoral. Bate-bocas arrastando o nome do Flamengo para a lama. Brigas internas e muita sujeira explodindo por debaixo dos tapetes.
Essa é a verdade, são muitos os donos do Flamengo, e muitos é mais difícil de cobrar. E eles sempre se resolvem entre si, os vice-presidentes sempre vem dentre esses 9 mil donos, enquanto no mercado com certeza também há pessoas competentes para serem avaliadas para os cargos.
A situação de SAF tem que ser mais bem discutida no Flamengo, a ilusão que a torcida influência é tênue. Talvez a torcida tenha uma influência maior, se for tratada como cliente, por menos de meia dúzia de sócios. Sócios que coloquem executivos na gestão, que tenham metas e que prestem contas dessas metas, com a possibilidade de até perderem seus empregos, caso não as cumpram.
Hoje, quando eles dizem: O Flamengo é nosso!
Eles querem dizer que é deles, dos 9 mil sócios-proprietários.
A nação não é dona do time, objeto de seu amor, ela é o cliente apaixonado que torna o time que representa o clube da Gávea, no time com maior torcida do mundo. Isso lhe dá o direito de ser o maior ativo, que esse clube de 9 mil donos tem. O time de futebol precisa ser gerido como empresa, assim a torcida passará a receber os cuidados que um cliente merece receber.
A ideia da SAF, traria poucos sócios, que colocariam no time executivos capacitados, com experiência de mercado e que fariam a gestão garantindo seus próprios empregos. A torcida teria nome e endereço de quem cobrar.
A SAF precisa ser mais bem estudada e deixar de ser satanizada, desse estudo pode vir a resposta, se uma iniciativa destas poderia elevar ainda mais o patamar do Flamengo.